As filas de espera para atendimento dos usuários dos planos de saúde estão com os dias contados. Pelo menos é o que promete a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) quando concluir a consulta pública que será lançada na próxima semana, para definir prazos de marcação de consultas, exames e cirurgias na rede credenciada. Pela proposta inicial da ANS, as consultas básicas devem ser agendadas em até sete dias, as consultas especializadas em até quatorze dias, os exames de laboratórios em até três dias e as cirurgias no tempo máximo de 21 dias. Após concluir a consulta, a ANS vai editar uma resolução normativa (RN) obrigando as empresas dimensionarem a rede ao número de usuários.
O limite de atendimento de cada tipo de procedimento foi fixado pela ANS após aplicar uma pesquisa onde foram ouvidas 850 das 1.061 operadoras de saúde que atuam no país. Representam 89% do total de empresas responsáveis pelo atendimento de 42 milhões de usuários. Algumas empresas confirmaram que a marcação de uma consulta básica, como clínica geral, pode levar até 60 dias. O presidente da ANS, Maurício Ceschin espera colocar a norma em vigor no primeiro trimestre do ano.
É o que espera a funcionária pública Rossandra Ebrahim Coura de Menezes, 46 anos, usuária de plano de saúde. Ela tenta desde o início do mês marcar uma consulta com ginecologista. ´Me informaram que só posso marcar a partir do dia 25 e a próxima vaga é para março. Acho um absurdo porque pago o plano de saúde em dia e quando preciso usar não tenho uma resposta imediata`. Para a presidente da Adecon (Associação de Defesa do Consumidor e da Cidadania), Rosana Grinberg, é um absurdo a ANS ter que intervir para delimitar um prazo de atendimento. ´Mesmo com a regulação, continuará existindo diferença no atendimento do usuário do plano e aquele que paga a consulta`, diz
Faltam médicos nos planos
O Sindicato dos Médicos de Pernambuco (Simepe) desconhece que haja tratamento diferenciado entre os pacientes. Mário Fernando Lins, diretor financeiro do sindicato, diz que a demora no agendamento existe porque a demanda dos usuários é maior do que o número de profissionais credenciados. Muitos médicos estão fechando os consultórios e deixando os convênios porque os honorários não cobrem os custos. Em algumas especialidades, como pediatria e neurologia, faltam profissionais para atender a população`.
Os médicos estão numa queda de braço com as operadoras para reajustar os honorários médicos. Lins cita um estudo feito pelo Simepe onde aponta a defasagem no preço das consultas pagas pelos planos. Ele exemplifica que em dez anos (2000 a 2010) a inflação acumulada foi de 115%, enquanto os planos de saúde subiram 136%. O custo de uma consulta num consultório simples é de R$ 23,50 e a maioria das operadoras do grupo ABRAMGE paga entre R$ 20 e R$30. Para o médico ser remunerado sem ter prejuízos a consulta deveria subir para R$ 60`.
O presidente regional da Associação Brasileira das Empresas de Medicina de Grupo (Abramge), Flávio Wanderley, garante que a rede prestadora de serviços da maioria das operadoras está bem dimensionada. Mesmo assim, ele destaca que o sistema de marcação deve ser flexibilizado pela ANS, em função da localização das empresas e da disponibilidade dos profissionais. Segundo ele, as empresas localizadas em cidades menores têm dificuldade de montar uma rede com especialidades médicas específicas.
Fonte: Diário de Pernambuco